em dias como estes

tanta coisa mudou na minha vida e em mim, que é quase surreal ler aquilo que escrevi há apenas alguns meses atrás (isto é para mim que me conheço, supostamente), já havia atingido um tal desprezo pela vida que nada que acontecesse me parecia acontecimento suficiente sequer para a minha lembrança, quanto mais para estar a partilhá-lo com os outros. Para quem lhe interessa-se saber o que se passava comigo só tinha a filtrada linguagem das tentativas de arte que eu postava com regularidade no meu tão grato espaço na deviant art e os pequenos journals mais sobre o dia a dia de criação (isto se formos acreditar que havia realmente alguém interessado, porque se havia, esqueceu-se de dizer na altura certa).

finalmente sei que não estou completamente sozinho e que tenho alguem (que dentro dos limites do humanente possível) olha por mim e se preocupa com o que eu sinto, faço ou digo.

alguém que em tão pouco tempo e com tantas experiências diferentes entrou no meu coração e no meu dia-a-dia, que se torna difícil conceber a minha vida antes do momento em que a centelha se acendeu. Desde esse dia teêm queimado todas as memórias que há tanto devia ter esquecido, todas as mágoas, todos os ódios, hoje não são mais que ideias interessantes para combustível de poesia e música. Toda a emoção negativa torna-se numa positiva melodia quer na forma de palavaras, quer numa sequência emotiva de notas, acordes e compassos, organizados e escritos com uma guitarra no colo, sem intenções, só vontade...

e é em dias como este que me lembro do que a minha vida era sem ti, com a chuva que agora só molha o corpo, porque na minha mente tenho o teu abraço, mesmo triste, sinto que não está nada errado. E é um dia que vai passar... apenas tenho de esperar pela primavera do teu beijo que virá, mais dia menos dia, com o nascer das flores que me cheiram apenas ao teu cabelo que solto envolve a minha mão, num sofrêgo desejo de sentir de novo uma vida que só acontece quando aqui estás.

em português porque já não há pachorra

finalmente cedi à tentação que vinha a crescer de escrever um blog em português da pátria, com todas as ramificações inconvenientes (ou não) que isto vai trazer, já não há senãos para escrever tudo aquilo que me apetecer, por muito pessoal ou desinteressante que seja e deixa de haver qualquer regra para temas e assuntos de post