da subjectividade das opiniões


As últimas declarações de Cavaco Silva, sobre a minguez das suas reformas face às suas contribuições, tornaram-se rapidamente mais um foco de polémica e celeuma e apenas demonstram mais uma vez a falta de relevo que a maioria da sociedade e em especial os actuais políticos, dão à questão da subjetividade.

A subjetividade numa concepção mais simples, refere-se à forma como a opinião de cada ser humano é esmagadoramente influenciada pela sua visão pessoal do mundo, formada pelas suas experiências de vida e pelas realidades que absorveu empiricamente. Nesse sentido Cavaco apenas caiu na armadilha da sua própria subjetividade.

Obviamente que à luz da sua história de vida e estatuto/posição social, os valores económicos são manifestamente parcos e parecerão pouco justos. O problema é que quando emitimos opiniões enquanto representantes políticos de toda uma sociedade, com diferentes condições de vida e sensibilidades, devemos evitar as subjetividades da opinião pessoal e deixar uma perspetiva mais analítica e racional, guiar o nosso discurso.

O problema não é, infelizmente, exclusivo do actual Presidente da República e muitos dos membros do actual governo também demonstram no seu discurso, uma vivência alheada da realidade democrática.

E chamo-lhe realidade democrática, porque é mais provável estarmos face uma noção menos subjectiva do real quando temos em conta as experiências de vida de milhões de pessoas comuns, do que uma noção de realidade baseada na mundividência privilegiada de uma elite político/económica.

E é esse um dos maiores problemas da maioria da direita, uma visão egocêntrica e empírica da realidade que não tem em conta a macro-realidade do mundo como ele é...