privacidade

Ontem, durante 5 horas de espera numa conservatória do registo civil para tirar o cartão do cidadão, pude ter várias conversas com pessoas que não conhecia de lado nenhum e que provavelmente não tornarei a ver tão cedo, ou já não serei capaz de reconhecer quando se der o acaso de novo cruzamento.

No meio das conversas que fugiram o mais possível da típica "conversa de ocasião" (odeio falar só para encher chouriços), entrou-se no tema dos impostos e das contribuições para o estado. Sobre esse tema a minha opinião é simples e pragmática, em vez de impostos complicados e com buracos por onde se foge à vontade, o sigilo bancário devia ser completamente abolido e o estado passaria a cobrar 40% (acho o máximo do razoável) de todos os nossos rendimentos. Preenchimento de papéis seria apenas para descontarmos despesas tributáveis a esse valor.

É claro, que a resistência quase unânime, quando exponho esta ideia, é a privacidade. E o exemplo "chapa 0" é sempre o mesmo... se "eu" quiser comprar um colar à minha amante, o estado (e a mulher consequentemente visto que não percebem que entre o estado ter acesso e esse acesso ser público vai uma longa distância) tem que ficar a saber?

Tido isto, a principal função daquilo que as pessoas designam por privacidade parece ser encobrir a pequena, média e grande aldrabice. Porque é que as pessoas sendo honestas e eticamente verticais haveriam de ter medo que o estado ou mesmo qualquer outro cidadão, tivesse conhecimento do que fazemos, de quanto dinheiro ganhamos, quanto gastamos e onde?

Para mim privacidade é aquilo que fazemos dentro das nossas casas e nos nossos espaços privados, tudo o resto é da esfera pública. Deixando de lado paranóias orwellianas, se sou um cidadão honesto e não devo nada a ninguém qual é o meu problema que saibam da minha vida? Mais, se uma coisa tão banal e mundana como o meu dia-a-dia interessa a alguém, tenho muita pena dessa pessoa pois a sua vida é tão triste e desprovida de sentido que toma interesse em algo completamente desprovido do mesmo.

Pergunto-me e deixo a pergunta, será que preferimos ter uma suposta "privacidade" ou viver numa sociedade justa em que todos dão e recebem aquilo que devem dar e receber?

magic recoveries



Relativamente desconhecidos pelos nossos lados, os Disco Ensemble são uma banda finlandesa bastante difícil de catalogar, embora arrisque a descrever como electro-punk-rock, embora para os mais incautos se possa assemelhar a algumas vertentes de indie rock, encabeçadas por bandas como os Vampire Weekend (as semelhanças são patentes mas ficam-se pelo ritmo sincopado).

Seja como for fiquei a conhecer a banda quando esta acompanhou os Hell is For Heroes na tourneé europeia, que passou pelo Jardim do Tabaco em Lisboa. Na prática fui ao concerto pelos Easyway e pelos Twenty Inch Burial, visto que apesar de achar piada a uma ou duas músicas de Hell raramente ou nunca os oiço. Lembro-me perfeitamente de ter ficado de pé atrás a ver uns finlandeses com aspecto muito indie a arrumarem o palco e principalmente receoso pelo vocalista montar um mini-sintetizador, mas não houve praticamente período de habituação porque assim que a música começou a tocar, foi aprovação máxima.

Dito isto, depois de 3 anos a ouvir Viper Ethics e First-Aid Kit, lembrei-me de procurar novidades e descubro com agrado este Magic Recoveries. A expectativa era grande e após a primeira audição senti algum defraudar, quer dizer, duas ou três óptimas malhas surgiram logo mas a coisa parecia morna. No entanto, este é um daqueles CD's que têm de ser ouvidos vezes sem conta e depois de pressentir isso e me forçar inicialmente a fazê-lo, comecei a saborear a polpa de todas as músicas.

Desde logo, destaco a faixa We Can Stop Whenever We Want, que acaba por sintetizar o espírito da banda (How can you tell us that we're paranoid, cuz just the fact that we're paranoid makes us not believe a single word you say...), Bad Luck Charm que é sem dúvida uma boa escolha para o single de apresentação do CD log seguida de Worst Night Out (o nome é mesmo o tema da música...), ou a Headphones, que traduz o sentimento de escapismo de qualquer melómano (...and when I'm tired of walking alone, I put my headphones on... and when it's time to get out of it all, I don't wanna hear the static on the radio) e quase a acabar temos ainda um Poltergeist.

Tal como disse é complicado descrever o som dos Disco Ensemble, com um sintetizador que evoca o electro mais rock (na onda dos portugueses X-Wife e M.A.U) mas pontuado por uma guitarra com riffs típicos do punk clássico misturados com muito efeito de pedaleira, uma bateria com requintes de esquizofrenia e um baixo que remata com um ritmo incessante.

Infelizmente na senda do constante tiro no pé que tem sido a história da indústria musical nos últimos anos, a Universal alemã decidiu restringir o acesso aos vídeos de YouTube a países onde o álbum está à venda...

Mas podem ouvir e ver os vídeos no site oficial:
http://www.discoensemble.com

Ou ver este vídeo do álbum anterior para abrir o apetite...

xanax



Na segunda semana as coisas já estão a ir mais nos carris e já consigo despachar vários trabalhos no mesmo dia sem problemas. Ainda assim hoje foi uma daqueles daqueles dias em que dava jeito uma das saquetas dentro destas caixas de Xanax... saquetas de chá de tília, não percebam mal!

E de facto há uma bela duma chaleira na sala de refeições/exposição, onde costumo ir beber um cházinho todas as manhãs.

Tenho dado um tom mais pessoal aos últimos posts, não por falta de temas mas porque com a passagem de estar desempregado, para sair de casa às 8 da manhã e voltar às 8 da noite, ainda não fiz a adaptação mental para voltar ao ritmo criativo normal. Ainda assim, a Ophiusa só teve um descuro quando me faltou a netcabo e nos próximos dias vou poder criticar alguns álbuns novos que acabei de colocar na minha playlist.

uma semana depois

A minha primeira semana na Mundideias está no seu final e depois de uns primeiros dias de mais stress e de asneirada, as coisas já estão a correr como deviam.

Apesar de trabalhar já há alguns anos, não estava habituado a produzir maquetas de embalagens e outras, depressa e bem que é como se quer num ambiente profissional. De facto, nunca tive a sorte de me serem ensinadas algumas técnicas básicas de produção artesanal, como vincagem e dobragem, apesar de me recordar dos tempos em que o meu pai fazia design editorial old-school, com cola de spray e x-acto na mão.

Mas provavelmente é o melhor que me pode acontecer num trabalho é ainda ter muito que aprender e ter com quem aprendê-lo, visto que até agora a maioria dos trabalho que tive apenas exigia utilizar e refinar os conhecimentos já adquiridos ou técnicas e teorias ao alcance do auto-didactismo...

E agora, que já tenho o trabalho que andei a lamuriar e passou o choque inicial na gestão do tempo e das viagens nos transportes mais demoraditas, já tenho a força de vontade para voltar a criar coisas que valham a pena fruir esteticamente, ou seja, voltar às bonecadas :P

menosketiago.com





Depois de meses e meses de design e re-design, layouts deitados ao lixo e muitas horas de html, CSS e Javascript e Flash, está finalmente online o meu novo website/portfolio.

Ainda tenho algumas arestas a limar, como a colocação de uns gif's animados e a resolução do problema de loading da "modal box" que só funciona quando todos os thumbnails estão carregados, mas não haverão mais mexidas de layout. Provavelmente também vou modificar a secção about mais tarde mas por enquanto serve.

Podem visitar em:
http://www.menosketiago.com

PS: E ontem recebi a boa notícia de ter sido escolhido para trabalhar na Mundideias, pelo que se tudo correr pelo melhor estou ocupado pelo menos até Abril de 2010, quando o pior da crise já terá passado (temos de ter essa esperança).

the production manual



Chegou hoje, depois de algumas peripécias que envolveram créditos e débitos bancários, um livro que há já alguns meses esperava poder ter nas mãos e ainda mal sabia tudo o que me esperava.

The Production Manual - A Graphic Design Handbook é o irmão mais velho do "nosso" Manual de Produção Gráfica, separado à nascença e tendo crescido numa família bem mais abastada. Basicamente é uma bíblia do design, que contém toda a informação base que um designer deveria te vergonha de não saber, se não de cor, pelo menos em esboço mental.

E quando digo tudo, digo desde as bases do trabalho gráfico como tipos de ficheiro, resoluções, formatos informáticos, teoria das cores, as diferenças entre CMYK e RGB, cor directa e quadricromia, layout e grelhas, tipografia e tratamento tipográfico, tipos de impressão, processos de acabamento e encadernação...






Menos não seria de esperar da ava, uma editora especializada em áreas criativas como o design, ilustração e publicidade, da qual já possuía os volumes Tipography e Layout, que à luz deste manual me parece serem os complementos perfeitos, para aprofundar cada um dos temas.

Quanto mais não fosse, ver todo um livro paginado com uma das minhas "sausage types" (como o pessoal mais quadrado as deprecia) favoritas... é um festim de VAG Rounded BT e LT para os olhos! LOL

Mais sobre o livro em:
http://www.avabooks.ch/index.php/ava/bookdetails/978-2-940373-63-5

PS: Já sabem que no Book Depository é mais barato...

SPEA



Bem, como me candidatei a um estágio na Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, pediram-me para fazer um logo para desempatar com outros três candidatos. Como foi pedido que tivesse o mesmo design que os grafismos actuais não inventei muito e talvez tenha sido fatal...

http://www.spea.pt

PS: Boa sorte ao candidato escolhido e mais sorte para mim porque continuo no desemprego =X