Tal como para a igreja católica medieval existia um
index de livros proibidos, hoje em dia devia existir um
index de livros obrigatórios ou quase para qualquer pessoa que queira ser mais do que um individuo numa massa de consumistas, com opiniões baseadas apenas num senso-comum, estilo
cliché humano.
A
História das Ideias Políticas Volume I de
Diogo Freitas do Amaral tem na sua génese ser uma sebenta em forma de livro para cadeira de Ciências Políticas do curso de Direito da Universidade Católica. Mas em vez de ser algo que interessaria apenas aos estudantes desta cadeira, acaba por ser um bom resumo para fins de cultura geral, das ideias políticas dos principais pensadores e filósofos da história ocidental.
Não substitui a leitura das obras dos autores em si mas é um bom começo para o entendimento das várias concepções de sociedade e governo já pensadas (e um bom fim no caso de ideologias execráveis como as de
Xenofonte,
Jaime I e
Hobbes).
Desde as ideias comunistas e anarquistas de
Platão, à catalogação das formas de governo sãs e degeneradas de
Aristóteles (Monarquia/Tirania, Aristocracia/Oligarquia e República/Democracia), às ideias politicas de
Maquiavel tão presentes no léxico da direita (recordo que políticos como
Paulo Rangel afirmam-no como autor favorito) e à
Utopia de
Thomas More (finalmente entendi a génese da palavra, que me deixou claro que usa-la para adjectivar ideias impossíveis é ignorância).
Infelizmente o primeiro volume termina com
Hobbes, sendo que o segundo volume ainda está em preparação (o primeiro levou 15 anos a escrever...), mas não deixará de frisar o Contrato Social de
Rousseau, as histórias da carochinha de
Adam Smith e companhia limitada, as teorias anarco-socialistas de
Proudhon, o comunismo de
Marx e provavelmente alguns autores mais recentes (provavelmente a parte que me interessa mais pois é aqui que se concentra ou a minha ignorância de novas ideias de relevo ou a sua inexistência, mas presumo que pelo menos de
Keynes se falará...).
Resumindo é uma boa leitura para quem não se satisfaz intelectualmente com perigosos lugares comuns como "não ligo à política" ou "são todos iguais"... perigosos porque como
Burke dizia "para que o mal triunfe basta que os homens de bem nada façam".
Podem comprá-lo em
http://www.bookhouse.pt/catalogo/direito_0326/historia-das-ideias-politicas-vol-1_9724010767.aspx