Desde a semana passada que os media nacionais têm estado em força a promover o novo filme da Pixar, Wall-E e em quase todas as opiniões se denota um espanto pela originalidade do conceito e da personagem. De facto a coisa tem alguma novidade, mas aconteceu que enquanto 0uvia o realizador a falar acerca da forma como o conceito para a cara do robô apareceu, surgiu-me na memória um filme antigo que tinha uma personagem muito parecida.
Depois de alguma pesquisa, lá escavei o Johnny 5 do filme Curto Circuito (Short Circuit) de 1986 e percebi que mais que um acaso, este foi um caso clássico de inspiração criativa. O próprio Andrew Staton depois de questionado lá disse que era possível que tenha sido "influenciado inconscientemente", porque afinal de contas o filme presta tributo à ficção cientifica dos 70 (e pelos vistos até da 80).
Não me percebam mal, só não fui ver o filme este fim-de-semana para evitar as salas cheias de miudagem a fazer perguntas aos pais a sessão toda (às vezes dá para rir, mas perde-se o impacto do cinema, LOL) mas mais uma vez vejo que no geral o pessoal, quando não sabe acha original e quando conhece algo parecido então passa logo a ser uma cópia...
Eu próprio já fui acusado de "copiar" conceitos e imagens (às vezes nunca sequer vi o tal "original") e sinceramente penso que este tipo de pensamento demonstra alguma ignorância, sobre as dinâmicas do processo criativo. Da mesma forma como o homem evoluí baseado naquilo que os seus antepassados fizeram, o mundo da arte, do cinema, do design, da criatividade em geral também está em permanente evolução. Quem nasce nesta sociedade da informação, não pode ter a presunção de achar que vai fazer algo nunca feito e a originalidade é um conceito relativo, porque por muito revolucionária que a ideia pareça, ela não surge de uma mente vazia, mas sim de um acumular de experiências cognitivas e estéticas, conjugadas com uma pitada de ingenuidade.
E tudo nos pode fazer lembrar algo que já vimos, aliás a minha namorada também fez uma relação que me parece também óbvia com o E.T. do Steven Spielberg! Dai ao Wall-E ser uma cópia dos dois vai muita distância, o que só mostra que devemos ter algum cuidado com o alarme do plágio, que em muitos parece sempre pronto a disparar...
Tenho de arranjar os dois Curto Circuitos para lembrar os velhos tempos, até porque parece que vai haver um remake em 2010 (coincidências...)
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