laudamus vita


"Desde 1982 quando os Pink Floyd e o realizador britânico Alan Parker lançaram o filme musical "The Wall", baseado no seu próprio álbum, que nenhuma outra banda tinha embarcado num esforço desta dimensão, muito menos uma banda independente. "

É esta a premissa por trás de Laudamus Vita, o filme/álbum que ocupou os Easyway desde 2007 e que depois do pré-lançamento em Dezembro de 2009 no Super Bock em Stock e do lançamento do CD/DVD no início do mês, teve direito a não uma mas duas sessões de cine-concerto no passado dia 20 de Maio no Cinema Alvaláxia.

O objectivo desta premissa não é como já pude ler online, comparar os Easyway aos Pink Floyd (pessoalmente e não querendo ofender ninguém, é uma banda que me diz muito pouco em termos de gosto), mas sim mostrar que há três décadas que uma banda não se atrevia a aventurar-se no cinema, tirando os casos de alguns videoclips que podem ser praticamente considerados curtas-metragens, cujo exemplo óbvio é o Thriller de Michael Jackson.

Importante também é reforçar a ideia de "uma banda independente", que dá ainda mais valor a este resultado final, principalmente se tivermos em conta que desde 2007 que os americanos Angels and Airwaves, banda de Tom DeLonge (Blink 182) vêm a anunciar Love, uma longa-metragem/album que supostamente estreará no Outono de 2010 (já foi adiada várias vezes). É ainda mais evidente o mérito dos Easyway ao conseguirem em menos tempo, com menos meios, principalmente financeiros, completarem este filme antes de uma banda com muito menos constrangimentos e uma máquina de produção profissional.

Mas voltando a Laudamus Vita, posso dizer que conhecendo a banda desde praticamente o inicio, sempre esperei um bom resultado a nível musical e mesmo já tendo visto alguns capítulos do filme aquando da promoção/concurso que foi feito para o Super Bock em Stock (cujo objectivo era ordenar os capítulos), quando finalmente pude ver o filme completo fiquei agradavelmente surpreendido.





Antes de mais o filme foi inteligentemente dividido em capítulos, cada qual com a sua música e apesar do que se pudesse esperar a divisão não prejudica nem o enredo, nem o ritmo do filme, bem pelo contrário, funciona perfeitamente como uma verdadeira banda sonora.

Isto não significa que as músicas percam quando ouvidas sem o suporte do filme, porque enquanto experiência musical consegue ser mais coerente, que por exemplo American Idiot ou 21st Century Breakdown dos Greenday, que também partem de uma premissa de storytelling, sendo que pessoalmente considero que acabam por não ser 100% felizes, pois ao ouvi-los, tenho a tendência para saltar músicas em vez de os ouvir como um todo, algo que não acontece com Laudamus Vita, onde houve a dificuldade acrescida de ser pensado para um filme e ainda assim sobreviver sozinho.

Sobre o filme só posso afirmar que há muita produção nacional de séries e telenovelas, que pode aprender muito com esta experiência a todos os níveis, quer a nível de fotografia, motion design e acima de tudo a nível da representação, que ao contrário de muito produto de TV e cinema nacional, com actores-estrelas nunca parece falso, nem teatral mas sim, ao bom estilo do cinema americano, presenteia-nos com uma credibilidade de personagens e de cenas, transporta-nos para uma narrativa e não para o "visionamento de cenas" de um guião. Tenho também de frisar, que me surpreenderam com as cenas de CGI em 3D, principalmente depois de ver nos créditos que também foi o Danilo que teve mãos nelas.

Quanto ao cine-concerto de dia 20 no Alvaláxia (que teve direito a sessão-dupla devido à primeira ter esgotado por completo dias antes), posso dizer que foi uma experiência diferente e que obviamente gerou alguma estranheza, pois além de pessoalmente não ter o hábito de ver concertos sentado e mesmo apesar de já ter visto o filme, o que aconteceu foi que houve alturas em que me esqueci de que estava um filme a passar atrás da banda e outras que me esqueci que a banda lá estava a tocar ao vivo.





Devo admitir que enquanto concerto preferi o showcase de lançamento na FNAC do Chiado e enquanto filme gostei de o ver como tal isolado, no entanto e como nova experiência gostei bastante e tenho a certeza que todos os que tiveram o prazer de lá estar, vão ter uma memória para a vida, digna de contar aos filhos durante uma partida de xadrez...

Mais em:
http://www.easywayrock.com

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