fazer o rescaldo



© REUTERS/Hugo Correia

Depois da ressaca das eleições, importa agora pensar bem sobre o que aconteceu e prepararmos-nos para os dois futuros, o futuro sofrimento na pele das "medidas que irão mais longe que a Troika" e o futuro que terá de ser uma oposição responsável no que diz respeito ao acordo firmado pelo país mas acérrima no que diz respeito às medidas liberalizadoras que ultrapassam esse acordo e entram na esfera das posições ideológicas e políticas.

No Domingo, infelizmente pude sondar em primeira mão o inevitável, pois tive o gosto de pela primeira vez fazer parte de uma mesa de voto como escrutinador... logo na abertura das urnas partilhei com os meus colegas de mesa, a minha aposta confirmada de uma abstenção superior a 35% aliás superada na realidade pelo número negro de 41%, numas eleições que foram das mais importantes desde o retomar da democracia.

Esta abstenção merece ser tema para desenvolver e pensar em artigo próprio, no entanto há um factor que se retira logo da mesma, que é o facto de os 50, 37% da direita, que se coligará para formar uma maioria absoluta, serem apenas relativos a 59% dos portugueses... em relação a 100% dos portugueses a direita junta apenas foi legitimada por 29.71% dos eleitores. Obviamente e ao contrário do que aos abstencionista seria conveniente, para justificar a sua falta de brio cívico e preguiça no assumir de ideais e valores, em democracia representativa apenas conta quem cumpre o dever do voto, por isso mesmo aquilo que fizeram na realidade foi autorizar a liberalização de Portugal.

Em relação aos que votaram, o Daniel Oliveira diz e muito bem que "(...) sabem no que votaram", o PSD foi claro, curto e grosso nesta campanha, disse ao que vinha e para onde ia e quem votou PSD não tem o direito de dizer daqui a uns meses/anos que foram enganados e que os políticos são todos iguais (quem votou CDS poderá eventualmente dizer que não sabia bem no que votou pois a campanha de Paulo Portas baseou-se no silêncio...). Se votaram sem se informar espero que aprendam uma lição sobre a responsabilidade do acto do voto e se votaram no PSD apenas porque estavam contra o PS de José Sócrates, aprenderão uma lição valiosa sobre o porquê de ser do contra não servir para a construção de nada positivo, ser do contra é apenas destruir.

Claro que como humanista romântico e propositadamente ingénuo, tenho fé que todos nós temos a capacidade de aprender lições com os nossos erros...

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