Cradle to Cradle


Bem, já passaram algumas semanas desde o último post... infelizmente ou felizmente, estive completamente centrado nas avaliações finais do meu curso, daí a ausência completa de novos trabalhos ou outros entulhos mentais :P

Seja como for ainda não acabou a odisseia das belas-artes, mas gostava de recomendar um livro que pelo passar das águas já li há algum tempo. É uma leitura obrigatória para todos aqueles que têm fortes preocupações ambientais (da sobrevivência da nossa sociedade será mais correcto dizer), principalmente o pessoal que desenha produtos de consumo.

Cradle to Cradle apresenta uma "nova" perspectiva sobre a questão da sustentabilidade e dos resíduos, pura e simplesmente fazendo a - não tão ingénua como parece à primeira vista - sugestão prática de "eliminar o conceito de lixo". A ideia é simples e tem como base o funcionamento da natureza, e os autores sugerem que a sociedade de consumo se reverta o impacto negativo que tem ecologicamente, para passarmos a contribuir para o bem estar do nosso eco-sistema (basicamente todo o mundo).

Parece apenas demagogia mas basta mudarmos os materiais que usamos para criar o nosso mundo material. É defendido que apenas devemos produzir materiais que no fim da sua vida útil constituam "nutrientes técnicos" ou "nutrientes biológicos", ou seja, que se biodegradem e consequentemente alimentem solo, plantas, fungos, etc... ou materiais que consigamos aproveitar para criar novos objectos sem a perca das suas qualidades. Para estes materiais serem viáveis os produtos não podem ser fabricados em vários materiais misturados e difíceis de separar, que é exactamente o problema da reciclagem actual (no livro chamado de "downcycling" porque o resultado desta só pode ser usado para produtos de segunda categoria, devido à mistura de materiais), mas sim de uma verdadeira reciclagem em que uma garrafa se torne novamente uma garrafa (de notar que falo de plásticos e outros, visto que o vidro e os metais no geral não perdem qualidades).

Mas mais do que apresentar teorias, os autores mostram soluções que eles próprios encontraram e algumas apesar de ainda não perfeitas segundo os seus critérios, são admiráveis pela forma como põe em causa a necessidade de fazermos algo que seja insustentável. Maior exemplo da aplicabilidade destas teorias é o próprio livro, feito de fibras plásticas 100% recicláveis, tintas e colas não tóxicas que se lavam apenas com água a temperatura elevada, o que o tornam um objecto que quando tivermos de o deitar, se pode transmutar facilmente num novo livro. Ah, e não esquecer, é à prova de água "para o poderem ler na banheira" :P


A cópia que li era da biblioteca da FBAUL mas podem comprá-lo facilmente na Amazon ou outra loja porque o preço é acessível. O único defeito que lhe encontrei foi um esbatimento da tinta nas zonas de dobra da lombada após algum uso e transporte em mala, mas nada que não aconteça aos actuais livros...

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