the wealth of nations



Antes de mais, peço desculpa pelo hiato a que já não estavam acostumados neste blog... a semana foi cansativa, mas agora já estou de novo habituado a trabalhar e aproveitar bem as noites.

A recomendação literária de hoje não vai muito de encontro aos meus hábitos de leitura e a verdade é que pedi este livro por engano, porque aquilo que realmente queria era o The Wealth of the Nations do Adam Smith, original e integral para puder analisar e dissecar.

Esta edição é uma espécie de análise resumida da obra em questão (um dos pilares do capitalismo) de Karen Mcreadie, que traz meia centena de ideias de Smith para o ano de 2008, quer seja para criticar a ingenuidade de alguns conceitos, quer para aplaudir como apropriadas outras tantas ideias.

Pessoalmente não me acrescentou a profundidade que queria ter, pois não é o mesmo saber o que pensa Smith pelas palavras de outros autores (por exemplo, Proudhon cita-o muitas vezes para criticar a economia politica) ou pelo próprio. De facto não podemos destruir tudo o que Smith e os seus seguidores defendem e pensam, mas gostava de ler em maior profundidade algumas teorias que penso serem tão frágeis que qualquer pensador inteligente as desmonta.

No fim de contas estamos a falar de um gentlemen inglês, que tinha um grande fundo moral e ético e que não concebia a imoralidade e a atitude criminosa, com que alguns seres mais gananciosos viriam a aproveitar as suas teorias económicas. A Karen McReadie, bem afirma que Smith dá voltas na campa ao ver o que tem acontecido desde o inicio deste período de crise.

Aquilo que é claro para todas as pessoas de bem é que à semelhança da "alegoria do dragão" do Carl Sagan, se não conseguimos ver, cheirar, sentir ou detectar a "mão" através de qualquer processo empírico ou científico, então essa não é invisível, pura e simplesmente não existe, a não ser na fé de alguns e a economia não pode viver de crenças metafisicas.

O que podemos reter de Smith são coisas simples e sensatas, como a noção de mercado livre, de regulação bancária e da especulação e mais importante neste momento, a justiça e valorização do trabalhador e dos salários. A economia depende do consumo, se as pessoas não tiverem salários que lhes permitam consumir então a economia estagna... não precisávamos de ler Smith para saber esta e outras verdades à la Palisse.

Penso que todos saibam ou tenham ouvido falar que a primeira coisa que Henry Ford fez para aumentar as vendas do Modelo T, foi aumentar exponencialmente os salários dos seus operários, permitindo que esses ambicionassem comprar o automóvel que produziam. Esta manobra obrigou a que os industriais subissem todos os salários, resultando num aumento geral do poder de compra e consequentes lucros para todos.

Pena que muitos empresários neo-liberais ou apenas conservadores em Portugal não conheçam nem os pilares mais básicos do sistema que defendem e as lições mais simples da economia, e teimem em praticar baixos salários e a recorrer à mão de obra precária, como solução para melhorar os seus resultados.

Para estes senhores e para todos os que gostavam de perceber um pouco mais de economia recomendo as duas ou três horas que demoram a ler este livrinho de 10€. Depois talvez ganhem vontade de ir brincar com os meninos grandes LOL

Podem comprá-lo aqui se quiserem:
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1 comentário:

  1. eheh...boa técnica!!! compraram a crédito e ainda fizam boa publicidade da empresa :D

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