o coto invisível

Adam Smith, um dos pais da "economia política" ou de uma forma mais simples, do capitalismo, defendia que não era o altruísmo que lhe punha o jantar na mesa, mas sim o interesse egoísta de auto-favorecimento do agricultor, do padeiro, do cervejeiro, da cozinheira e por ai adiante, que resultava no seu manjar burguês.

Era esta vontade de auto-favorecimento que dizia ele, constituía uma "mão invisível" que resultava na melhoria das condições de vida e na prosperidade da sociedade!

Passadas algumas centenas de anos de aplicação do capitalismo, em muito com base nesta noção ingénua (ou intencionalmente maquiavélica?) e que geração após geração resultaram numa real melhoria das condições de uma parte tendencialmente mais abrangente da sociedade (embora possamos discutir que a globalização transformou a desigualdade nacional em desigualdade entre países e na prática nada mudou), chegamos a um ponto em que há uma geração em que a qualidade de vida e os direitos se prevêem diminuídos em relação à anterior, quebrando o ciclo mítico do progresso.

Podemos especular que a real causa deste cair da máscara do capitalismo neo-liberal se deve à queda do comunismo na União Soviética e na China, afinal já não existe um sistema inimigo capaz de o derrotar, para que convenha maquilhar a verdadeira cara da economia política.

A determinada altura, a benévola mão invisível foi amputada pela ganância e pelas enormes falhas de base de que a economia política sempre padeceu (a diferença ilógica entre valor real e valor especulativo e a noção feudalista da propriedade inquestionável e hereditária).

É que para infortúnio da grande maioria dos membros da sociedade, um coto invisível não é muito eficaz a agarrar na riqueza para a distribuir!

2 comentários:

  1. Antes de mais, peço desculpa por não comentar o post em si.

    Tenho vindo há vários meses a acompanhar este blog, bem como a lamentável situação profissional pela qual passou. Eis que, quando vi o aviso do carga de trabalhos sobre a mudança da política de publicação, não pude deixar de vir aqui manifestar o meu profundo agrado.
    Felicito-o por isso, porque acredito que a sua forte manifestação está a dar resultado! =)

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