mais ava



Juntei à minha colecção mais 2 volumes Basic Design da AVA e um pequeno manual sobre copywritting da mesma editora, para aprender mais umas coisinhas sobre escrita para publicidade e marketing.

Print & Finish é um livro sobre tipos de impressão e papel, com as diferentes opções mais do que exemplificadas em imagens, mas sim, como parte do próprio livro. Format trata dos vários tipos de suporte do design gráfico, passando pelos tamanhos de papel, tipos de dobragem, tipos de encadernação e suportes não estandardizados, como plásticos ou madeira.

Recomendo a colecção para quem queira aprofundar sobre temas técnicos de design mais específicos. Como de costume lembro o belo do Book Depository, que agora até mudou de design e permite mudar os preços para euros.

ricos e pobres

Quase todos aqueles que não fazem parte da classe dita alta, passam metade da sua vida a falar mal dos "ricos" e a outra metade a invejar a sua riqueza.

Quantos de nós, apesar de condenarmos a riqueza (excessiva) de alguns, alimentamos o desejo íntimo de virmos a ser ricos? Quantos já se desculparam desse desejo, dizendo que quando forem ricos vão ajudar muito os pobres?

O desejo de riqueza é a principal razão pela qual, a sociedade moderna ainda não conseguiu acabar com o flagelo da pobreza. Convém ter presente que se a sociedade existe para que, através da produção de todos, cada um tenha melhores possibilidades de sobrevivência e no final de contas qualidade de vida, se um elemento acumular demasiado está necessariamente a desviar a quota parte que era devida a outros. Produção é capital, e o capital surge como resultado do esforço da sociedade. Mesmo quem o "herda", já herdou de quem o tinha acumulado em prejuízo a gerações anteriores da sociedade.

Parte da solução para este problema é mentalizarmo-nos que ser rico, ou seja, querer ter mais do que nos cabe (invariavelmente com prejuízo para a restante sociedade) é eticamente errado e deve ser socialmente reprovável.

Isto não significa que não possamos acumular mais riqueza que os restantes membros da sociedade, mas essa riqueza deve ser fruto do nosso trabalho, esforço, iniciativa e dos riscos económicos que tomemos. Não do desvio legalmente camuflado ou mesmo ilegal, da quota parte dos outros.

É algo em que devemos todos pensar.

copo menstrual



E a embalagem do primeiro produto da Green Donna já foi enviada para produção (na quarta passada), infelizmente só consegui maquetizar uns dias depois de enviar e detectei alguns pormenores no grafismo que não gostei que me tivesse passado ao lado mas tendo em conta a pressa, já nem foi mal de todo (acho eu).

Tive de fazer um 3D do copo porque estava ainda em produção, talvez devesse ter usado o verde para segunda luz apesar do azul dar-lhe um pouco de variedade cromática. Vou ver se aproveito para fazer algumas imagens engraçadas, visto que já tenho o modelo feito LOL

memory and humanity



Devo dizer que depois do Tales Don't Tell Themselves, um álbum conceptual no qual todo o imaginário musical foi pensado para nos transportar para um imaginário marítimo, concretamente no jogo de sentimentos de uma vila piscatória moderna e que resultou num excelente conjunto de músicas, a minha fasquia para os Funeral for a Friend estava bastante alta.

Este Memory and Humanity que já não é novo, conseguiu passar-me despercebido durante algum tempo e foi uma agradável surpresa, quando descobri que tinha mais música nova para acrescentar à minha colecção. Em termos de estilo é um regresso ao Hours, com músicas mais pesadas e riffs cheios de personalidade, que marcam bem a diferença entre as músicas, ao mesmo tempo que à medida que vamos chegando ao final do álbum o tom muda para um estilo mais baladeiro e sentimental. Talvez seja esse o ponto baixo, tendo em conta que pessoalmente gosto mais de emparelhamento.

Os pontos altos são então logo no inicio com Rules and Games, Kicking and Screaming, onde conseguem pegar no cliché sobre nascimento e morte e criar uma música forte e sem o elemento foleiro que uma banda mais popularucha lhe daria ("we all go out like we come in, kicking and screaming"), Maybe I am? e You Can't See the Forest for the Wolves (mais uma que brinca com clichés).

Aconselho, principalmente a quem não conhece estes meninos do País de Gales.







MySpace da banda:
http://www.myspace.com/funeralforafriend

green donna®



Tenho estado, nas últimas duas semanas, a trabalhar uma nova marca de cosméticos para um bom amigo meu do Centro Vegetariano. Quando digo trabalhar uma marca não estou meramente a falar de "fazer um logotipo", mas sim de conceber todo o marketing por trás da mesma, começando pelo produto, nome e conceito da marca e terminando na identidade visual.

É claro que como sou o único designer a trabalhar a comunicação deixo muitas pontas por atar em termos de normas, até porque vou fazendo as decisões conforme avanço nos materiais, mas para todos os efeitos é branding que estamos a fazer. Começando pelo nome, que à semelhança da midzu® foi escolhido com um brainstorm e painel de apreciação como se deve fazer em todos os processos de marketing (e infelizmente parece muitas vezes não existir).

Para já mostro o logo da Green Donna®, uma marca de produtos de higiene e beleza para mulheres com preocupações ambientais. Claro que não é tão verde como gostaríamos, mas tendo em conta a capacidade de investimento de que estamos a falar é deveras mais sustentável que muitas outras grandes marcas que lançam no mercado produtos que depois do uso são um problema sério de desperdício.




O primeiro produto será um "copo menstrual", uma boa alternativa a tampões e pensos higiénicos (ainda nenhumas das minhas conhecidas sabia que existia, apesar de ter sido inventado nos anos 30).

Quando acabar mostro mais material gráfico ;)

x-fi



Numa onda menos normal nestes lados, orientada talvez para uma de auto-vangloriação, decidi fazer um bocado de publicidade ao Creative Zen X-Fi que chegou hoje através da FNAC online (bem rápido o serviço).

Como o pessoal do design é maçã que até enjoa e o resto do mundo é só ai podes, acho por bem enaltecer o contínuo bom trabalho que a Creative tem feito com os seus leitores de MP3. Já sou consumidor fiel da marca desde que lançaram os MUVO Nomad, anteriores à saída histérica do iPod para as lojas e para as correntes da moda nos gadgets.

A verdade é que quando comparados lado a lado, os Creative e os sucessivos iPod's, além das diferenças no design, que tenho de admitir serem inicialmente marcantes (a favor do iPod), desde o lançamento da linha Zen, a diferença é nula em termos de qualidade design. Há quem goste mais da estética da apple, como designer de equipamento sempre preferi as cores glossy dos Zen e a forma bem mais adaptada à ergonomia da mão humana, para não falar num interface mais intuitivo (menos inovador claro).

Agora numa coisa ambas as marcas sempre tiveram um abismo de diferença... a qualidade do som. Sendo a Creative sempre foi uma das melhores marcas de áudio digital sempre superou qualquer lançamento da apple. E mais, os Creative nunca impingiram lojas online e formatos de MP3 proprietários, se quiseres usas o centro de multimédia, se não usas como qualquer disco externo, arrastando e largando, sendo tu o senhor do que fazes aos teus ficheiros de música.

Sobre o X-Fi, só tenho boas coisas a dizer, até porque a designação corresponde às placas de som de alta fidelidade da marca, sendo que conseguem a habilidade de melhorar o som dos nossos ficheiros (tenho de estragar um de propósito para ver o potencial da tecnologia). O tamanho parece intimidatório (o mesmo que um iPod Touch) mas é bem mais leve que imaginamos, o preto glossy e o ecrã gigante são o ponto forte, sendo que ao contrário de outros telemóveis touch ou com material brilhante (tipo os Nokias), que basta tocar com um dedo para ficar sujo, neste podemos mexer há vontade, que só mesmo com mãos sujas o conseguimos manchar.
O interface é engraçado, tem cerca de 6 botões em quadrado e mais 4 para funções, demora relativamente pouco a entender e funciona bem até para escrever no leitor. O interface gráfico é altamente estiloso, com brilhos q.b. e transparências mas sem imitar a concorrência. Os phones parecem protectores de ruído de enfiar dentro dos ouvidos, o que permite menos volume para ouvir um som alto o suficiente para abafar o ruído do comboio ou do autocarro.

Até ver está mais que aprovado.

Ele andam ai:
http://pt.europe.creative.com/products/product.asp?category=213&subcategory=214&product=17810

os maias no trindade


©Clementina Cabral/Teatro da Trindade

Antes de tudo, não sou crítico nem conhecedor de teatro e esta é provavelmente a segunda vez que escrevo sobre uma peça (tenho neste blog um texto sobre A Tragédia de Júlio César no São Luís) e dessa forma esta opinião pode ser, por quem o desejar, invalidada logo à partida.

Assisti no sábado passado à representação Os Maias no Trindade, que como entusiasta que sou de Eça não podia deixar a peça sair de cena sem a ver.

Primeiro que tudo, manifesto o meu desagrado pelo facto de nas laterais do primeiro balcão não se conseguir ver mais de metade do palco, facto que na compra do bilhete foi propositadamente omitido, apesar de a questão ter sido frisada (fica o aviso para quem queira assistir a espetáculos no Trindade).

O argumento em si é relativamente bem conseguido (não sendo eu, um purista das adaptações à letra...), sendo que se torna algo confuso para aqueles que só conhecem a obra pelo nome, ou que o leram há demasiado tempo, pois utiliza uma narrativa in media res, com avanços e recuos na cronologia do romance que talvez exponham demasiado o pathos do drama antes do tempo. E não sendo já fragilizadora essa escolha, o tom cómico transversal da peça (justificável para o público-alvo desta sala) acaba por sabotar o tom romântico/dramático das cenas entre Maria Eduarda (Sofia Duarte Silva) e Carlos Eduardo (José Fidalgo), tornando-as quase acessórias (já de si ocupam pouco tempo da peça).

E de facto, é como comédia que estes Maias atingem os pontos mais altos, como a genial declamação do Anjo da Caridade por Rufino (João Didelet), a excelente interpretação do José Airosa na pele do terror de Celorico, João da Ega ou a caricatura perfeita do "chic a valer" de Dâmaso pelo Pedro Górgias (na foto), que compensa a dieta face à personagem caracterizada por Eça.

Todo este riso acaba por ofuscar os restantes actores e tornar a sua tarefa, ao mudar o tom da cena, muito complicada, caso óbvio de Afonso da Maia (Augusto Portela) que apesar da enorme importância na história aparece ofuscado logo no início por um Pedro da Maia que provoca risos no momento do suicídio (?!). No entanto Rogério Vieira consegue tornar o seu Alencar uma personagem cómica mas momentos depois séria e forte (sorte no papel também). O pianista Afonso Malão (na foto), também director musical aparece numa caricatura menos feliz de um maestro Crugges com uma cabeleira cinzenta, que acaba por dificultar a vida de um não-actor a tentar dramatizar.

Apesar de tudo é graças ao piano em cena e ao vivo que a musicalidade da peça não se torna uma desgraça completa, com entradas de música despropositadas e escolhas musicais que mais parecem uma tentativa de fazer uma enciclopédia de época, que contribuir para a emotividade das cenas.

O único momento que considero um falhanço total é o final da peça, em que Manuel Torrado ou não tem consciência da intenção queirosiana, de colocar Carlos e Ega a proclamarem um estoicismo orientalizante, declarando que "não voltarão a correr atrás de nada", para no momento seguinte ao avistarem o Americano, entrarem imediatamente em contradição correndo sofregamente na sua direcção (também uma crítica ao Portugal que corria e corre atrás dos outros países), ou decide ignorá-la. Em vez disso, coloca as personagens estáticas olhando a luz ao fundo, deixando a peça a morrer em vez de aproveitar para terminar em climax com uma saída de palco, lógica e narrativamente expectável...

Não iria ao exagero de utilizar o "Fraquinho, fraquinho..." que o próprio Eça não hesitaria utilizar para classificar a peça, mas penso que com todo o potencial de actores e da obra adaptada o resultado é, na minha opinião, mediano no seu todo, apesar de não puder negar que me ri a bom rir e por isso não penso que tenha sido de todo negativo o tempo despendido.

Mais informações:
http://teatrotrindade.inatel.pt/osmaias.html