declaração de intenções

Como o prometido é devido, nada como aproveitar a BlogConf que decorreu ontem na LXFactory, para inaugurar no emoglobina o exercício de opinião política. E tirando a deixa de algumas intervenções feitas ontem, talvez seja positivo deixar desde já a minha própria Declaração de Intenções, de forma a terem de antemão a noção da cor política que defenderei nos próximos tempos.

Tenho sempre alguma reticência em revelar as minhas cores políticas, não por medo de represálias profissionais ou pessoais, como o que aflige as dezenas de anónimos que aproveitaram a minha denúncia da situação de "burla laboral", não dando a cara pela defesa dos seus direitos, mas mais pela paciência em lidar com uma sociedade que em pleno século XXI ainda se move por estereótipos e ideias feitas em relação a tudo, mas mais especialmente a algumas orientações políticas.

Já aqui deixei depreender que sou um defensor da anarquia, evito dizê-lo aos sete ventos pois aposto que neste momento, há muitos que acabam de formular o juízo de que sou pelo caos e desordem, características que a educação de massas quer colar a esta filosofia politica. Talvez fosse bom lembrar-vos que existem dezenas de "anarquias", sendo que algumas defendem a violência e a destruição do actual "sistema" como o anarco-terrorismo, havendo outras até que são amigas do neo-liberalismo (mais conhecido cá como direita liberal), ou melhor, estão na sua base como o anarco-capitalismo. Também existe anarquia de extrema esquerda, exemplo do anarco-sindicalismo.

Quem quiser saber mais sobre cada uma pode consultar a web ou ler o excelente "manual" que é a História do Anarquismo de Jean Proposiet editado no ano passado pela Edições 70.

Quanto a mim e ainda antes de ter um conhecimento mais elaborado das correntes filosóficas anarquistas, sempre me considerei um "moderado", estando muito próximo das concepções de anarco-socialismo de Proudhon, um dos primeiros anarquistas assumidos e autor do excelente O que é a Propriedade?

Esclarecido este ponto posso avançar que como qualquer anarquista moderado não acredito em "revoluções explosivas" mas sim no continuado abrir de mentes através da troca de argumentos e como tal desde sempre me considerei um cidadão pleno da República Portuguesa, com direitos e deveres. Assim desde que tenho o privilégio de exercer o meu direito de voto, o meu historial político esteve sempre no apoio ao Bloco de Equerda.

No entanto, ao longo dos últimos 4 anos as decisões políticas do Bloco afastarem-me progressivamente a vontade de continuar esse apoio, tendo esse afastamento sido agravado nos últimos meses com o afastamento de Sá Fernandes, apenas porque este passou a fazer parte do "poder" em vez de ser apenas do contra, tendo esta "pulsão"bloquista tornado-se clara com sucessivas declarações que mostram a não disponibilidade do Bloco de Esquerda ser governo, mesmo na (já não tanto) remota hipótese de reunir votos suficientes. O meu voto não é do contra, é sempre a favor de algo...

Ao mesmo tempo e apesar de como já disse não ter votado neste governo, a minha admiração por José Sócrates cresceu gradualmente e ainda mais exponencialmente com cada ataque político baixo desferido, com o grande auxílio dos media portugueses, que escuso de lembrar estarem na sua esmagadora maioria nas mão de assumidos simpatizantes da direita do nosso país (escuso falar de violadores(as) do Código Deontológico do Jornalismo que continuam impunes a acções da ordem).

Este meu apoio crescente e sem vergonhas já me brindou, com a boca foleira de uma ex-colega de trabalho que me acusou de "querer ir para a cama com o Sócrates", uma verdadeira pérola da infantilidade da parte de alguém que não vai votar, porque "eles são todos iguais" e que confrontada com as dezenas de escolhas entre partidos e movimentos cívicos, remata com o "não tenho tempo para andar a descobrir em quem vou votar".

Por isso, fica aqui bem claro o meu apoio a José Sócrates, que obviamente tornar-se-á claro em futuras intervenções neste blog. E atenção, voto em Sócrates e não no PS, porque para mim o que conta são as provas dadas e os argumentos apresentados, ainda mais por alguém que tem uma capacidade dialética raramente vista no nosso anoréctico cenário político.

3 comentários:

  1. Pedro Almeida5:01 da tarde

    Por momentos pensei que se estava a falar do José Sócrates, primeiro-ministro português, aquele que não tem naturalidade no seu discurso, que fala como se tivesse meses a preparar o que vai dizer, que não tem ideias próprias e que sofre de uma enorme dose de arrogância. Esse é o Sócrates que temos.

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  2. as opiniões são como as vaginas...

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  3. Pedro Almeida8:14 da tarde

    Os factos não.

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